segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Depois deste OE só nos resta CRIAR

É nestes tempos de caos que as palavras de Agostinho Neto fazem mais sentido:

CRIAR

Criar criar
criar no espírito criar no músculo criar no nervo
criar no homem criar na massa
criar
criar com os olhos secos

Criar criar
sobre a profanação da floresta
sobre a fortaleza impúdica do chicote
criar sobre o perfume dos troncos serrados
criar
criar com os olhos secos

Criar criar
gargalhadas de escárnio da palmatória
coragem nas pontas das botas do roceiro
força no esfrangalhado das portas violentadas
firmeza no vermelho sangue da insegurança
criar
criar com olhos secos

Criar criar
estrelas sobre o carmatelo guerreiro
paz sobre o choro das crianças
paz sobre o suor sobre a lágrima do contrato
paz sobre o ódio
criar
criar paz com os olhos secos

Criar criar
criar liberdade nas estradas escravas
algemas de amor nos caminhos paganizados do amor
sons festivos sobre o balanceio dos corpos em forcas simuladas

Criar
criar amor com os olhos secos

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Deste o início da nova era, a qual é sem sombra de dúvida para o Alentejo e a sua gente o pós 25 Abril, o país tem sido governado pelo PS/PSD, assim estes senhores são os grandes responsáveis pelo caos a que o país chegou.
Cortes com a despesa para este senhores é corte de vencimentos, mas como explicam, a quem ganha o ordenado minimo, nos últimos 10 anos os vencimentos dos gestores e afins terem subido mais de 100%, também foram distribuídas mordomias (carro e cartão de crédito) a novos correligionários em nome de incentivos a novos gestores, alguns destes apenas de si mesmo.
Calhando nem precisamos de recuar tanto no tempo, ainda este mês "ÁGUAS DE PORTUGAL" andava a comprar viaturas topo de gama, os seus gestores acompanhavam os piquetes de manutenção pelo país fora e, como quem só mira, deve ir bem confortável.
Convém salientar que a dita "ÁGUAS" estava autorizada pelo governo a ultrapassar o plafond de endividamento estabelecido, que belo aproveitamento do regime de excepção, coitados tiveram pouca sorte o caso veio a público e não gastaram o previsto.
O próprio governo no ano transato renovou, em tempo de crise, a frota automóvel, depois alguém consegue explicar porque andam todos montados em topos de gama, os quais são renovados de quatro em quatro anos?
Podem ser alfinetes, mas não tem de ser o povo a pagá-los, como ele diz grão a grão chegamos ao caos.
Só acabando com a falta de transparência, compadrio e corrupção daremos um passo gigantesco
no caminho do corte de despesa.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Falência Social


Planeta Renovado



O actual modelo social faliu porém, não será alterando a constituição que encontraremos o caminho certo.
Faliu por todas as políticas erradas e contrariando a constituição.
Não houve a preocupação de crescimento sustentável e dignificante para todas as camadas sociais.
O crescimento fez-se para ressurgimento de uma classe de novos-ricos que encheram os bolsos na sombra/penumbra dos partidos políticos.
Os quais são, no ínfimo, responsáveis pela omissão dos factos que levaram o país ao caos a que chegou.
Na situação actual não se vislumbra previsível, a indispensável arrumação da casa, isso obrigava ao fim das clientelas política e da corrupção.
Corrupção sustentada pelo medo, pela indiferença e pela índole venal de muitos portugueses, ávidos por uma oportunidade.
Por muito deplorável que seja, quem nunca encontrou um "ZÉ NINGUÉM" atrás dum postigo, de uma qualquer instituição, julgando-se o dono do mundo.
Só pela ruptura será viável encontrarmos o caminho certo.
Como a vida é feita de mudança, também os modelos sociais têm de mudar evoluir, não se sabe como irá ocorrer, mas muitos estamos convictos será num futuro próximo.
O modelo faliu, não apenas em Portugal, mas no planeta. Creio que em tempos de mudança surgirão os pensadores certos para tornar o planeta num ex-líbris humano.

domingo, 19 de setembro de 2010

Sonhos


SONHOS
Foi sonho amor?
senti frio
sem pele
complementaste-me,
ânsia do amor sonhado?
senti fome
sede
saciaste-me,
porque adiar?
se estavas a meu lado,
nos montes foste a floresta
na planície a seara
no mar o porto
do meu
corpo
desabrochado.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Minha amiga, minha mãe

Tantos sonhos partilhados,
tantas ilusões sofridas,
partiste
a meio da jornada,
com
dever cumprido.
Nasceste órfã de amor,
adoptaste a vida,
plantaste
amor,
fruíste
graças sofridas.
Qual Fénix renascida
iluminaste-nos
a jornada,
inspiraste-nos
o caminho.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

ALIENADOS





NEM ÉTICA NEM...




Quando há dias questionei onde estava a "ÉTICA" no aproveitamento de situações que consideramos inadmissíveis, alguém disse o que movia os portugueses era a ganância.


Se calhar teremos de dar a "mão à palmatória" o que move a grande maioria é a ganância, depois com as armas legalmente obtidas nas alterações feitas ao código de trabalho e a inércia da nossa justiça, temos os pressupostos que originam situações como a dos empregados informados de despedimento por SMS.


Ficámos todos chocados, concordo, mas "on-line".


Este é o grande drama da sociedade actual, o conhecimento quase instantâneo do que está ocorrendo no mundo, ainda que isso não signifique a consciencialização dos dramas vividos.


Até o dono da dita empresa, pessoa muito sensível por sinal, tão sensível que enviou mensagem para o telemóvel, por não ter coragem de encarar os trabalhadores.


Isto é a justificação do senhor, mais uma vez ocultando-se das câmaras, os sentimentos daqueles trabalhadores que o ajudaram a construir o seu meio de subsistência, não valiam o sacrifício dos encarar e explicar o motivo do encerramento imprevisto.


Pior que as leis que sancionam tantos atropelos nas classes mais desfavorecidas, é a insensibilidade que aos poucos nos foi invandindo e fez com que nos limitemos a assistir a tantos atropelos como se de um filme se tratasse.


Desligámo-nos tanto da realidade que até acreditamos "só acontece aos outros", pobres seduzidos, hoje foram eles, amanhã serão os nossos vizinhos e amigos, canhando até já temos familiares sofrendo, mas como a nossa porta ainda está de pé, sentimo-nos seguros.


GIA

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A AVÓ


A AVÓ


Tudo em redor convida a divagar, o calor, o lento baloiçar da rede, a leve aragem faz cair algumas folhas e sem dar por isso, como sonhando, oiço:
-Meninos então as boletas? são quase horas dele chegar.
Ele era o meu avô, figura paternal de grande austeridade,diariamente atribuía tarefas aos netos, brincar só após a apanha das bolotas que caiam do grande sobreiro que restara junto à casa.
Todos lhe tinham o maior respeito mas, não sei bem como, só quando víamos a santa da avozinha pegar no balde, deixávamos a brincadeira e íamos a correr ajudá-la na apanha das famosas bolotas, responsabilidade nossa que ela sempre assumia.
Ele era alto como um mouro, não recordo um sorriso no seu rosto nem um ar de abespinhado connosco, era um ser um pouco rude moldado pelo sol alentejano.
Ela a mais doce das avós, sempre preocupada com o nosso bem-estar e feliz por nos ter em redor, mesmo quando tinha de ocultar as nossas traquinices do meu avô, toda ela era sorrisos.
Embora parecessem seres tão opostos nunca vi desentendimento entre eles, ela parecia adivinhar os seus pensamentos, foi sempre o elemento unificador da família.
Quantas recordações, nas ninhadas de pintos e coelhos demarcava um para cada neto, éramos cinco então, cada um tinha a sua horta, grandes aventuras todas super-visionadas por ela.
Quantos sonhos alimentados pelas histórias que reinventava para nos adormecer.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Despertar é preciso

MAIAKOVSKI - no início do Sec. XX, escreveu:

Na primeira noite, eles aproximam-se
e colhem uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam o nosso cão.
E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles,
entra sozinho em nossa casa, rouba.nos a lua,
e, conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.

terça-feira, 25 de maio de 2010


Desde que me considerei uma venerável mãe de família, arrumei a minha veia contestatária e rejeitei a febre de me manifestar contra o que ia contra os meus princípios.
Há três anos reformei-me, adoptei o meu pai que entretanto ficara órfão de minha santa mãezinha, retomei o meu velho hábito de reclamar.
Vou dando o meu palpite onde ainda é permitido fazê-lo, mas penso que não iremos a lado nenhum enquanto os nossos governantes não comecem a contar as cabeças que irão para a rua dizer que algo tem que ser feito, segundo eles o povo português não tem sangue nas veias e muito medo de ser visto contestando.
Em 2008, contra todas evidências, comunicavam que éramos os maiores da UE, por cá a crise não chegaria, até baixaram o IVA, depois deram o dito por não dito e a crise chegou ao país.
Em 2009 foi a tourada que se viu, somos um país de aficionados, os senhores mantiveram-se na sua e no governo, desmentem as evidências até limites que só num país do terceiro mundo algures no meio duma selva, onde não existissem meus de comunicação, seria possível.
No ano passado desloquei-me deliberadamente a uma manifestação nacional convocada contra as políticas do governo, quando cheguei ao M. Pombal senti-me defraudada, não era bem aquilo que eu estava à espera, aquilo era uma manifestação partidária e talvez por isso a participação popular muito reduzida.
Mas meus amigos, este ano irei de novo e a todas as manifestações de rua para mostrar o meu descontentamento contra tudo o que está ocorrendo neste belo país, só tenho pena que o meu velhote, com 88 anos e tenha dificuldade de locomoção, não me possa acompanhar, era mais uma cabeça.
Penso que ainda será possível alterar-se pacificamente, só pelo número de cabeças a reagir, estas políticas que só nos arrastarão de barranco em barranco cada vez maior.
Abços.

quinta-feira, 13 de maio de 2010


Sou católica, como qualquer portuguesa da minha geração:
Em casa baptizaram-nos e a mãe e a avó desde pequenina ensinaram umas orações, como forma de protecção contra todas as maleitas.
Na escola e igreja fomos sendo progressivamente sendo iniciadas de acordo com os santos mandamentos (As tábuas entregues por Deus e que deveria reger toda a sua igreja).
Tudo o que aprendi serve para estabelecer as minhas prioridades, continuo a ser católica apenas por acreditar na mensagem de Cristo “amai-vos como vos amei”.
Ninguém que ama o seu semelhante vive rodeado da maior opulência, ignorando os que diariamente morrem à fome ao seu redor.
E das tabuinhas só se sabe que servem para impor aos outros, para os membros do clero e seus seguidores ainda devem existir as famosas “bulas”.
Acho ridículo todo o aparato e segurança que foi montado para defender o “santíssimo”, de quem?
Ou o aparato apenas serviu para uns quantos encherem mais os bolsos?

terça-feira, 4 de maio de 2010

1º Maio 2010


Quando digo que já não acredito em nenhum partido político em Portugal, é porque todos eles têm contribuído para a desmobilização do povo.
Ou se tem cartão do partido, ou familiar no mesmo e o futuro está garantido.
Depois temos os corruptos e os milhares há espera deles, muitos destes são militantes partidários da esquerda à direita, dos serviços centrais às autarquias.
Depois estamos nós os apartidários, os que nos consideramos sem preço e que tentámos dar o melhor aos nossos filhos. Falo por mim, tentei dar-lhe todas as condições para que pudessem fazer a escolha profissional de acordo com o seu perfil. Conquanto lhes tenha ensinado a respeitar o seu semelhante, se calhar aplanei em demasia o caminho, esqueci-me de lhes dizer que não era eterna que deveriam lutar pelos seus objectivos e que os deveriam ter.
Hoje quando vejo a ausência da juventude no 1º Maio, cuja maioria se tem trabalho é precário, fico deveras preocupada. Dias bem mais sombrios se aproximam, talvez ainda seja possível alertar os governantes que estamos mobilizados para não aceitar a canga que nos quem atarraxar, mobilização que sem a juventude não faz sentido.
E cá estou eu de novo a dizer “mea culpa, meã culpa”.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

ABRIL 1974

Desde que me conheço sempre fui da oposição, provavelmente é algo que me está no sangue como no de qualquer alentejano que não seja herdeiro de latifundiário, conquanto os latifundiários de hoje sejam maioritariamente os filhos dos feitores de então.
Relembro com saudade a luta por melhores condições de trabalho no tempo da “outra senhora”, trabalhava então na central de correios no Terreiro do Paço, também as corridas à frente da polícia como no aniversário da morte de Ribeiro Santos em manifestação realizada no Rossio em Lisboa, quando em Março de 1973 mais uma vez tivemos que correr ao toque de caixa dos nossos policiais “protectores” só por termos ousado ir ao coliseu para ouvir, o Zeca, o Adriano e tantos outros que atreviam-se a cantar o que lhes ia na alma.
Seria inconsciente? Tinha a inconsciência da minha geração, da juventude que sonhava com a libertação dos povos que estava farta de ver partir para a guerra os seus irmãos, familiares e amigos.
Se naquela altura não respeitava minimamente os nossos opressores e esbirros, hoje respeito todas as opiniões, entendo quem tem tachos chorudos esteja determinado em mantê-los, mas isso não quer dizer que os defenda, não foi isso que tanta juventude imolada sonhou.
O que mais me fere é a mentalidade dos que gerem os partidos políticos deste belo País, e não abro nenhuma excepção por muito que isso fira a sensibilidade de alguns, no governo, nas autarquias e empresas públicas quem não esteja filiado no partido dominante está feito, pode concorrer à vontade aos lugares disponíveis, mas apenas para os seus parceiros, a competência e a formação não tem qualquer valor o que importa é mesmo o cartão do partido.
No tempo da outra senhora costumava-se dizer que tínhamos que arranjar cunha maior que a base de D. Afonso em Viseu, mas hoje qualquer cacique local coloca a família toda onde quer, se não existe vaga cria-se uma e o resto do Zé Povinho que se dane.
Não foi nisto que acreditamos quando de deu o 25 de Abril e quando livremente festejamos 1º de Maio em 1974 em Portugal.
GIA